Estudo brasileiro aponta ação terapêutica da irisina contra a Covid-19
Um estudo brasileiro, conduzido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), apontou que o hormônio irisina, liberado pelos músculos durante as atividades físicas contínuas, pode ter efeitos terapêuticos positivos no combate à infecção por Covid-19. A pesquisa, publicada na revista Molecular and Cellular Endocrinology, observou, em testes in vitro, que a substância promoveu modulação dos genes associados à replicação do Sars-CoV-2 nas células do hospedeiro.
Os resultados ainda são preliminares, mas representam um sinal positivo na busca por terapias eficientes contra a Covid-19. A pesquisadora responsável, Miriane de Oliveira, ressalta que esses resultados apontam um caminho de pesquisa que comprovará ou não a eficácia do hormônio para tratar pacientes infectados. Portanto, a descoberta não significa que a atividade física proteja contra a doença, mas que a substância poderá representar uma opção terapêutica no futuro.
Como foi feito o estudo?
Os pesquisadores usaram técnicas de sequenciamento para identificar mais de 14 mil genes de células humanas encontradas em gordura subcutânea. Ao expor essas células à irisina, a expressão de diversos genes foi alterada, já que a substância é capaz de modificar o metabolismo do tecido adiposo branco. Considerando outras linhas de pesquisa, que apontam o tecido adiposo como um espécie de “depósito” para o vírus, os pesquisadores sugerem que isso explicaria a tendência de pacientes obesos em desenvolverem as formas mais severas da doença.
Outro ponto que pode ser esclarecido pela pesquisa é o comportamento do vírus na população idosa, já que a concentração de irisina tende a ser menor na terceira idade, o que também justificaria a gravidade da Covid-19 nesse grupo.
O próximo passo da pesquisa é entender como a irisina modula os genes ligados à reprodução do vírus, analisando a ação do hormônio em células infectadas.